quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Resident Evil 6 – Crítica


Sexto game se foca novamente na ação  e continua a se afastar cada vez mais do estilo que o consagrou.

Por Wilma Emilia


A Capcom investiu pesado na divulgação de Residente Evil 6. E não foi a toa. O material de divulgação deixava claro que este prometia ser o game mais épico de toda a franquia em uma trama de proporções apocalípticas e um acontecimento que simplesmente enlouqueceria os fãs: O encontro pela primeiríssima vez de Chris Redfield e Leon Kennedy,  dois dos personagens mais queridos da série. As novidades não parariam por aí: antigos personagens retornariam e outros novos seriam introduzidos na trama. Na jogabilidade, finalmente os apêlos dos fãs foram atendidos e agora os personagens podem andar e fazer outras coisas ao mesmo tempo, como atirar e recarregar suas armas. Além disso novos movimentos foram introduzidos, como o tiro rápido e a capacidade de deslizar, deixando o controle dos personagens mais dinâmico. No conteúdo extra, além do tradicional 'Mercenários',  ainda tem o ‘Caça a Agente’, onde o jogador fica no controle de uma das criaturas do game com a missão de deixar a vida do controlador do protagonista mais difícil. O modo Co-op foi mantido com algumas poucas mudanças. No modo single player o seu parceiro raramente é ferido, diminuindo as chances da missão falhar. Já no modo Co-op online é necessário ficar atento aos apuros do parceiro ou do contrario é fim de jogo.

Chris e Leon se encontram em Resident Evil 6
A história se passa  durante os  anos de 2012 à 2013 onde uma onda de ataques bioterroristas assola diferentes pontos do mundo, cabendo aos nossos protagonistas a árdua missão de impedir que o mundo entre em colapso vítima desses ataques.  Na trama, o Agente Leon Scott Kenedy precisa sobreviver  junto com a agente Helena Harper a um ataque biológico que transformou mais de setenta mil pessoas em zumbis na cidade de Tall Oaks. Chris desaparece por seis meses após um ataque bioterrorista que o deixou sem memória e o transformou em uma pessoa amargurada quando é encontrado por Piers Nivans, seu fiel e habilidoso soldado que agora suplica que o ex-Capitão volte à ativa. Já Jake Muller é filho do ex-vilão Albert Wesker e herdou a imunidade aos efeitos do C-vírus - um novo tipo de vírus que transforma as vítimas em criaturas chamadas J’avos - o que o torna essencial para a descoberta de uma cura para livrar a humanidade dos efeitos do vírus.  Jake acaba sendo  caçado impiedosamente por Ustanak, arma biológica enviada pela Neo Umbrella que tem planos de potencializar o C-vírus com o sangue de Jake. A agente do governo Sherry Birkin é enviada pelo Conselheiro de Segurança Nacional Derek Simons  com a missão de manter Jake sob proteção. Já Ada Wong  age sorrateiramente, investigando quem está por traz da Neo Umbrella. As histórias se interligam e é necessário terminar todas as quatro campanhas para efetivamente compreender o que está acontecendo.

Leon encarando a zumbizada
Tradicionalmente as tramas de Resident Evil são muito competentes mas não impecáveis, e em Resident Evil 6 não é diferente. Algumas situações no game não condizem com a verossimilhança que o game procura mostrar. Por exemplo, como a segurança de Sherry Birkin preocupa tanto Leon e Jake Muller se ela tem capacidade regenerativa e em teoria não precisa de proteção? Leon e Helena são os personagens mais sortudos do mundo porque sobrevivem a qualquer acidente, seja ele em terra, céu ou mar? E o que dizer de Jack Muller, personagem  que passa o game inteiro fugindo de Ustanak e no fim sai na porrada com ele? Mesmo tendo uma explicação  para as habilidades do rapaz - muito pouco convincente por sinal, mas isso é uma outra história -  ainda assim isso foi ilógico.

Todos os personagens principais de Resident Evil 6
O game ainda apresenta alguns bugs escandalosos, principalmente quando se joga o modo Mercenários on line onde zumbis com cabeças esmagadas ainda continuam a lhe atacar e lhe causam dano, isso quando não interrompe um combo que estava prestes a chegar em 100. Personagens atravessam objetos e zumbis atravessam o chão. Mas nada supera a câmera que precisa ser ajustada todo o tempo para poder acompanhar o personagem, e 'dança', isso mesmo, a câmera D-A-N-Ç-A  quando os personagens realizam certos ataques físicos.

Modo Mercenários. Cuidado com a mordida dos zumbis sem cabeça.
E preparem os seus dedos para realizar intermináveis e irritantes Qtes (comandos que o jogador tem que realizar em curto período de tempo) e frustrar-se quando não aparecer o Qte para fazer um counter e acabar não conseguindo impedir que uma criatura lhe acerte um ataque feroz. Ou ainda quando aparece um Qte para ser executado na velocidade da luz e tudo que dá tempo de fazer é ver o seu personagem morrer porque não conseguiu o executar a tempo.


Execute o Qte ou morra

O jogo foi dividido em três campanhas principais e uma adicional que é desbloqueada após o término das três primeiras. A Capcom prometia um jogo com quatro estilos diferentes nas campanhas, mas a diferença entre uma e outra é pouca, justamente porque a ação desenfreada predomina em todas as campanhas.


Ada Wong em sua campanha

Por mais que os gráficos apresentaram  melhoras, como os detalhes do suor, as gotas de chuva que caem nos personagens, as roupas que se molham ou que se sujam, alguns belos cenários como a do Cemitério na campanha do Leon e a instalação totalmente branca da Neo Umbrella na campanha de Jake,  ainda assim muita coisa ficou a desejar. Basta ver o cabelo de massa de modelar da filha do zelador da Universidade Ivy de Tall Oaks ou as sombras dos personagens que parecem ter vida própria que você saberá do que estou falando.



Nada que permanece na mesmice dura muito tempo. A  Capcom parece apreciar essa idéia e está sempre buscando inovar em seus games. Nada de errado. Porém essa busca por inovação também é aplicada à sua franquia de games mais bem sucedida –Resident Evil. O que por um lado agradou a muitos, por outro essa evolução na jogabilidade do game passou a significar um distanciamento cada vez mais crescente do gênero que o consagrou: o survivor horror. O horror de sobrevivência. Algo semelhante ao que se vê nos episódios da série The Walking Dead. Os jogos de Resident Evil eram significado de sustos, suspense, mistério, inteligência, humanidade. Hoje significa tiros, ação, socos, chutes e tiros, tiros e mais tiros. Antigos fãs mais conservadores abandonarão a sua série de games favorita em razão disso. Novos fãs surgirão e provavelmente não sentirão falta de como esses games já foram realmente bons. Resident Evil 6 definitivamente não é um game ruim pois cumpre o seu propósito de divertir. Porém Resident Evil 6 é um produto genérico por assim dizer. O verdadeiro Resident Evil  está em algum lugar na geladeira da Capcom e tudo indica  que não o veremos por um bom tempo, não enquanto a ambição dos produtores por fazer um game basicamente popular os motivar a fazer  games como Resident Evil 6...

Nota: 3,0







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